terça-feira, dezembro 18, 2007

Tartufo



Olhando a foto do Renan Malheiros nos periódicos,depois do seu des-julgamento, querendo entender os meandros desse personagem que tanto Ibope dá , pensei em uma definição linear (mesmo porque ele não agüenta nada mais além disso ) .

Não precisei cutucar muito os meus neurônios, não! Foi rápido.

Ocorreu-me que, como coadjuvante desse espetáculo de todos os dias, poderíamos cataloga-lo como uma personagem plana que, segundo E.M.Foster, é constituída em torno de uma única idéia, implicando na sua falta de profundidade , que não evolui ao longo da ação.
Resumindo: uma personagem estática.

Diferente da personagem redonda que é complexa e ampla.

No caso específico do Renam a sua imobilidade só é alterada quando alguem pretende puxar aquela cadeira que ama de paixão : a do Senado!

Pensando nisso tudo, foi natural a minha conexão com os grandes mestres da literatura. Lembrei de Tartufo de Moliére (escrito em 1870) . Alias, no que me toca como cidadã, nunca levei a sério esses Tartufos (brasileiros), tão frustrantes como o homônimo - que tanto mal faz à minha diabetes.

Morrendo de vontade de comer um chocolate, ainda que não exatamente um tartufo, como estamos perto do Natal e o Papai Noel anda por aqui fazendo uma força danada pra atender todos os pedidos, arrisquei: quem não arrisca, não petisca.Pedi, ou melhor, implorei ao Papai Noel que transformasse todos os eventos que assistimos, metódica e cotidianamente, numa grande comédia, com a mesma receita de Moliére. Nada é impossível! A fé remove montanhas !

Assim, num futuro bem adiante, os nossos descendentes pudessem entender a nossa passividade de hoje e com grande tolerância diriam: eram meros espectadores, coitados!

Só espero que nenhum abelhudo mais atento (sabe aquele espírito-de-porco que sempre aparece nas horas mais inconvenientes?) dê com as línguas nos dentes e: não gostavam do texto, tinham horror aos personagens, não aplaudiam e, ainda assim, assistiam impávidos aos espetáculos?

Esse é o grande risco que corremos no futuro. Alguém procurar nos definir como estou fazendo agora. Já pensou?

Vamos torcer para que isto não aconteça! Que esse abelhudo não nos inclua como personagens nesse pastelão de última categoria de todos os dias , comparando-nos à Braggadochio ( de Edmundo Spencer)- que ao criou uma personagem oposta aos ideais e valentia e que tem como grande característica a covardia!
Sandra Falcone