quinta-feira, fevereiro 15, 2007

diálogo com a dor






como sobreviver em meio ao caos?
como enxugar com minhas lágrimas
tantas outras?
como expurgar a impotência
que amordaça a Alma?
como confortar
sem o abraço e as mãos entrelaçadas?
como harmonizar
esta revolta que dói tanto
e sintetiza-la
em palavras?
..........
enquanto o corpo frágil
é carregado
por pés descalços
em meio à paisagem caótica
misturando-se com
o lixo
mãos pequeninas e envelhecidas
buscam
alguma coisa
de repente
um sorriso brota
espontâneo
o quê esse doce
e pequenino menino
encontrou?
um pedaço de pão?
um brinquedo?
ou talvez
apenas uma esperança
teimosa
escapou da sua boca?




Sandra Falcone - em homenagem a todos os nossos meninos, cansados de dor.

fragmentos




quando as nuvens
num comboio
lento
anunciam
um fim de tarde
sinto-as
como se fossem meus
sonhos
desgarrados
desenhando
num vazio sem fim
minha esperança
teimosa
Sandra Falcone