sábado, maio 16, 2009

Assim tão de repente



no meio da noite
assim de supetão
fizestes verter
a lava adormecida de um vulcão
fez reverter
a roda semovente da ilusão
horas depois
passado agora
o alumbramento
horas depois do assombro
e antes de sobrevir-me
o sono
ponho-me a ter-te
novamente
em versos de ternura
infinitiva
e tendo-te
desta feita
em gerúndio aprisionado para sempre
volto a versificar-te
em versos meus
que torno teus
esperando
que tu como eu
sonhe em rever-me
outra vez

dedicado ao Wagner
poema e imagem: Sandra Falcone

sou eu, mamãe!

Como quem
curiosa
olha a paisagem nova
perguntou:
quem é você?

E antes que ela pudesse
responder
rodopiou pela sala
com a alegria e ingenuidade
de uma criança..


Li nos seus lábios
a resposta que não deixou escapar:
sou eu, mamãe!

Com ternura abraçou-a
como se pudesse
reter todos os abraços
num só...

Eu as deixei assim
abraçadas
rindo e dançando juntas
como se o tempo fosse
naquele instante
apenas um relógio parado
esperando que a memória desse
corda outra vez.


poema e imagem: Sandra Falcone