quarta-feira, julho 22, 2009

Efeito teflon X efeito estufa

Na semana passada uma querida amiga e poeta lamentou o fato de não ter tempo, nem idade e aquela coisa toda para fazer um curso de sociologia, ou outro qualquer na área de humanas. Isso para compreender o efeito devastador que determinados representantes nossos, nas altas esferas deste país, têm sobre o nosso povo. A propósito do ibope do nosso presidente, designou-o de efeito teflon. É que nada gruda nele, nem quando defende com unhas e dentes o Sarney e otras cositas mais.

No entanto, uma outra amiga querida, e poeta também, lembrou que todo utensílio de teflon, depois de riscado, agredido por fatores físicos, perde sua aderência e é um potencial carcinógeno. Perde a função com o tempo. Acontece que, antes de aposentar, vai intoxicar muita gente. Lentamente. Sem que se perceba.

E como poeta e cidadã que é, não poderia deixar a mensagem assim, tão desalentadora... Passou uma esperança teimosa: quem sabe alguém se dê conta do efeito teflon e rotule as embalagens antes que seja tarde demais.
Caramba, só mesmo poetas-cidadãs com essa tremenda força de vontade. Curso de sociologia e aviso aos navegantes na rotulagem.

De qualquer maneira, fiquei influenciada e, apesar da falta de tempo e idade, pesquisei alguns cursos na área de humanas, com o mesmo propósito. Quem não arrisca não petisca, não é? Um ensaio, uma dissertação, uma tese, sei lá... qualquer coisa que pudesse me ajudar a entender o mesmo efeito devastador. Consultei alguns amigos, os palpites foram os mais variados: filosofia, psicologia, física quântica, mitologia, até mesmo astrologia e numerologia. Cansei. Cheguei à conclusão, sem estudar nada, que não há como encontrar uma explicação racional, para que se possa justificar a falta de decoro que escorre pelos corredores do poder. Talvez o tratado do caos, ou de nulidades? Pode ser!

Desanimada, resolvi comer alguma coisa. Fuga psicológica, eu penso. Sempre que minha alma fica vazia meu estômago fica também. Resolver o problema do estômago é fácil. Da alma? São outros quinhentos! Peguei minha frigideira (de teflon), lembrei das consequências do Teflon e fui conferir se a coisa era assim mesmo, pesquisando na net. Salve três vezes a internet. Não achei o efeito teflon, mas achei o efeito estufa, apropriadíssimo para a temperatura atual dos cidadãos brasileiros.

Se 175 países assinaram a Convenção sobre Mudanças Climáticas, com o objetivo comum de reduzir a níveis seguros a concentração de gases que levam ao efeito estufa na atmosfera, ou seja, poluição, que tal os nossos representantes seguirem o mesmo exemplo, deixando de poluir diariamente a nossa dignidade, acobertando-se numa densa camada de impunidade? que tanto envergonha o nosso país?

Com o Protocolo de Kioto criou-se um mercado mundial de crédito de carbono, os quais poderão ser comprados dos países que contribuem para retirar gases da atmosfera em quantidade menor do que emitem. Se o mundo achou um jeito de diminuir a poluição, porque não seguir o mesmo caminho? Não é necessário ir até o Japão e conclamar a humanidade! É por aqui mesmo, no nosso quintal. Basta que esses mesmos representantes comprem créditos de cidadania desses cidadãos brasileiros honestos, trabalhadores, que contribuem com suor e sangue para que eles continuem a manter milhares de empregados a seu desserviço! É só querer. Ah! Também sou poeta, preciso acreditar... para sobreviver como cidadã!

Fui!!!!!

Sandra Falcone