quinta-feira, novembro 22, 2007

Luzes

Parece que o verão chega agora aqui em São Paulo, nesta primavera, abafada, cidade fervilhando de pessoas que tem e não tem aonde ir e o quê fazer.

Tanta gente misturada no resto da noite de carros importados e blindados ás mãos estendidas.

A cidade começa a ficar iluminada, uma festa de luzes esperando o Natal.
Tão bonita de ver! Mesmo para aqueles que se confundem no lixo.Mesmo assim, mesmo para quem apenas olha, ou melhor, só pode olhar.

Talvez eu nada mais esteja fazendo do que aplacar a minha responsabilidade intrínseca de ser, dar um jeito na minha consciência de cidadã, quem sabe até me fazer de morta perante tanta pobreza, tanto desequilíbrio, sei lá… mas gosto tanto das luzes esperando o Natal: amarelas, brancas, vermelhas, azuis...

Luzes dão a sensação de conforto. São como gotinhas de alegria coloridas, piscando para a cumplicidade do sonho. Não consigo olhar as pequenas luzes piscando, piscando e ficar triste, não consigo! Juntas parecem indicar que a esperança é logo ali.

Se um mendigo, um só, um menino ou uma menininha, olhar e sonhar com as luzes já valeu a pena.
Um único sonho perambulando pelas ruas já vale a pena.
Um sonho de alguma coisa que nem precisa ser consciente.
Um sonho, que não seja pelo prato de comida...
Um único sonho, mesmo que dure o exato tempo do piscar de uma das milhares lâmpadas.

Enquanto penso nisso tudo me pergunto: que céu é esse que ainda teimo azul?


Sandra Falcone