segunda-feira, outubro 29, 2007

Não existe pecado?

A natureza é um livro aberto. Diferente do nosso Congresso, que é um livro fechado. A natureza se dá por inteiro, se mostra, nos dá exemplos incríveis a cada momento. Nós é que não temos muitas vezes capacidade de entendê-la. O nosso Congresso também nesse aspecto é diferente. Se bem que muitos se dão, num outro sentido, ou se lhe dão (nem sei se o português está correto – mas quem está ligando para regras no Congresso?). Um consciente cidadão percebe. Não compreende, é claro. Mas percebe. Mesmo com o livro fechado a sete chaves.


Mas voltando à natureza. Na pressa, no cotidiano asfixiante de todos os dias, acabamos passando batidos, principalmente nos países do terceiro mundo. Falando em terceiro mundo, quem criou os outros? e quem disse que são três? Na minha modesta opinião, captando o que o mundo nos apresenta em technicolor todos os dias, temos, por baixo, uns dez países abaixo do terceiro mundo. Outra coisa que me encafifa muito é a expressão país emergente, quando se referem ao Brasil. Somos emergentes do quê? Talvez a expressão correta fosse submersos. Enfim, essa coisa de perguntas com respostas que já sabemos – de cor e salteado – é coisa de cronista.

Vamos ao que interessa.

Resolvi procurar uma expressão que pudesse traduzir o trabalho que vejo em “câmara-lenta” sendo desenvolvido pelo Congresso, anos e anos a fio. É lógico que toda regra tem exceção, estão espertinhos, orelhas em pé na redistribuição de renda para os partidos e no aumento dos seus próprios salários. Fiquem alertas. De olho! Não custa nada mandar um bilhetinho cronístico aos novos que tomaram posse, contribuir com alguma coisa, ainda que com umas poucas palavras. Quem avisa amigo é, não é? Não precisei pensar muito. A palavra preguiça veio bater na porta. Lá fui eu, como sempre, pegar no pé do Aurélio:


1) aversão ao trabalho – existe vacina para esse vírus? se existir, acho melhor vacinar os dez deputados que até hoje, dia 12 de fevereiro de 2007, não compareceram ao trabalho; ou seria uma misantrofobia?

2) negligência, indolência, mandriice – se valer a experiência anterior, estamos fritos!

3) morosidade, lentidão, pachorra, moleza – pode ser dengue. Pena que não prestam atenção nas campanhas educacionais: se cada um cuidasse da própria casa, já teríamos erradicado esse “mosquito” . Informação temos de sobra, o que falta é conscientização.

4) pau a que estão pregadas as cangalhas da canoura – Caramba! preciso ver o que é isso, pra mim tão ininteligível como determinadas atitudes dos nossos parlamentares..

5) designação comum aos mamíferos desdentados da família dos bradipodídeos, arborícolas, de pelagem muita densa e longa, membros muitos desenvolvidos, e cauda rudimentar. Entre os seus pêlos vivem carrapatos, ou traças – que injustiça com os bichinhos. Não são preguiçosos, têm sono apenas. Costumam dormir cerca de catorze horas por dia. E quem quer ficar acordado com tanta barbaridade?

Bem... fiquei com preguiça de escrever mais sobre o mesmo assunto. Dá nos meus nervos de cidadã. E não sou o bicho-preguiça, não consigo “dormir no ponto” tantas horas. E de alguma forma a coisa está muito bem explicada pelo Chico Buarque e Ruy Guerra, considerando que o Brasil fica abaixo da linha do Equador, concordam?

“Não existe pecado do lado de baixo do Equador
Vamos fazer um pecado, rasgado, suado a todo vapor
Me deixa ser teu escracho, capacho, teu cacho
Um riacho de amor
Quando é missão de esculacho, olha aí, sai de baixo
Que eu sou professor”


Sandra Falcone