olho à minha volta
o jornal desarrumado
no sofá
embrulha sangue
uma foto de mulher pelada
o resultado do jogo
o horóscopo do dia
os índices Dow Jones e NASDAQ
no colo das palavras cruzadas
pela janela
sons e ruídos me contam
que lá fora a vida continua
em acordes desafinados
e que os anônimos
são partes de mim
devagar
a solidão me abraça
e os meus sonhos
pálidos e serenos como o tédio
se entregam ao silêncio
enquanto esperam
que se finde mais uma tarde de sábado
estável
se aconchegam junto ao meu cão
que abana o rabo
afinal
amanhã não é domingo?
Sandra Falcone