O máximo dos máximos o espetáculo que presenciou , como protagonista, naquela sala solene, embalada pelas Bachianas de Villa-Lobos. O sujeito, um babão-bobão, achando-se o rei da cocada preta, com um formalismo que os olhos de cobiça negavam, monologava , enquanto fazia questão de telefonar ditando ordens.
De repente, a mão nojenta chegando perto. Ele , naturalmente, achava que tinha todo o direito ao acesso.O poderoso chefão ! Pensou rapidamente: rejeito ou faço um escândalo? Pensou mais uma vez e concluiu: ele não merece, nem uma coisa e nem outra. Merece apenas ficar na cobiça. Há de ter na mente gravado, apenas o “trailer”daquilo que acha que pode ter, sem pedir licença.
Levantou-se abruptamente, fingindo-se assustada, atirando-se no chão, de modo que suas calcinhas, vermelhas, escandalosas e despudoradas ficassem visíveis . Infelizmente, pensou em tudo naquele tombo forçado, menos no gesso. E se tem uma coisa deselegante é um gesso de perna inteira, não há fenda de vestido que resista.
Mas a vida , muitas vezes, do limão faz uma limonada. Está namorando, a sério, em casa, o enfermeiro - que fez o gesso. Aos poucos aprendendo a gostar dos clássicos, Villa-Lobos está entre os seus preferidos.
AH! bem... o babão-bobão?
Estremece (com todo o respeito) quando se cruzam pelos corredores da empresa. Mas tratou de transferi-la, por mérito , para o Departamento de Contabilidade.
Sandra Falcone