Lá vem ela
D. Maria
correndo
sacola de plástico
cesta básica
arroz e feijão
farinha
bolacha de maizena
talvez um pouco de pão?
o silêncio da fome
escorre na enxurrada
sem pedir licença
(nem poética)
esperam de mim
versos lúdicos?
ora!
não tenho nenhum
não faltou vontade
e sim verdade
a teoria na prática é outra
Ravel e Debussy?
Clair de Lune?
ou o Rap rasteiro?
quem sabe no domingo?
a noite
com o efeito de luz e sombras
eu consiga
olhar as estrelas
longínquas
e escurecer estas que pipocam
nas ruas tintas de sangue!
poema e imagem: Sandra Falcone